6 de jul. de 2009

meu aniversário

Semana passada, 1 de julho, fiz 48 anos de idade. Até então, a data do meu aniversário produzia em mim questionamentos existenciais tão angustiantes que, não raramente, eu vivenciava momentos de crise pela falta de respostas convincentes. Experimentava uma insatisfação permanente por não compreender com clareza a razão do meu existir, a causa e o fim de tudo, apesar da busca quase que insana em livros escritos por pessoas do Ocidente e do Oriente, consideradas sábias ou iluminadas, fundadoras de escolas filosóficas e religiosas, exotéricas e esotéricas.
Não só li muito, mas refleti muito, e até meditei e rezei, submetendo-me a rituais cansativos e vazios de verdade, criados por castas sacerdotais para controlar o inconformismo humano pela manipulação do medo da morte que tende a dominar a nossa natureza. Eu nunca tive medo da morte e, por isso, os sacerdotes nunca conseguiram me controlar. Porém, uma coisa me acorrentava: a crença, passada de pai para filho, de que a resposta às minhas dúvidas estava em Deus e que, se eu conseguisse me comunicar com ele, eu alcançaria a verdade tão procurada. “Eu sou a verdade, o caminho e a luz...”, disse Jesus. Eu sempre tive muita ânsia de saber e de viver com sabedoria, para não morrer em vão. Por que não tentar, por meio dele!?
Mas dele só conheci o silêncio e a sombria presença de um pai castrador, com o seu dedo inquisitor apontando para minha face. Percebi, então, que o problema era este: crer em Deus. A partir do momento que me libertei de Deus e de seus sacerdotes, eu descobri a liberdade de ser, a alegria de ser. Percebi que a vida é isso aí, a vida simplesmente, sem explicação. Ou melhor, sou resultado da seleção natural. E isso só pode ser motivo de alegria. Eu venci, e os meus descendentes hão de vencer, porque eles e eu usaremos os meios que a evolução nos ofereceu para superarmos os limites traçados pelo ambiente hostil. E vivo o agora, sem culpa. Não sou irresponsável, mas não sou responsável pelas mazelas do mundo. Sou responsável pelos meus atos apenas. Segundo a ética utilitarista na qual acredito, com base na razão. Segundo o humanismo secular. Por isso, nestes 48 anos não enfrento crises. Sinto-me feliz, preparando-me para os 50, meio século de existência, marco existencial. E, desde já, me preparo para comemorar os 50 na Grécia, berço desta civilização que eu amo, Grécia que nos ensinou a filosofar e nos legou sabedoria a respeito do que há de mais fascinante: o ser humano e o Cósmos no qual ele está inserido.

Nenhum comentário: