Al(quem) estendido sob o tecido roto
Encardido como a calçada de pedras corroídas,
Na cama de papelão e frio dorme e não sonha,
Cadáver em que ainda há um sopro inaldível.
O manto não é coberta, é mortalha sagrada.
O cachorro e as pulgas sonolentos
Velam o amigo de desventuras e abandono,
Aquecidos pela porta do estabelecimento cerrada,
À espera das horas, do momento de catar as sobras.
Os meus olhos aflitos no espanto...
Quantos por esta rua de prédios cinzentos [como suas peles]
Pelo tempo descuidados jogados pelos cantos
Amontoados nas paredes grafitadas sem arte
Respirando as fezes, o mijo, o crack.
Rápido, rápido, me afasta daqui para a minha rua!
Esta rua não é a minha calçada de pedras cintilantes
Circundada por torres altivas de uma côr impecável
Espelhos da gente que ali passa rumo à casa
Para encontrar a lareira, o vinho, o abraço.
c cardoso
16 de jun. de 2010
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2 comentários:
CENAS COM INDIGENTES, MEXEM MUITO COMIGO. MUITAS VEZES, SINTO CUPA.CULPA POR TER UM TETO, UM (VÁRIOS) PRATO DE COMIDA. UM (VÁRIOS) AMOR. DAÍ PENSO... EU NÃO TENHO QUE SENTIR CULPA POR TER O QUE TENHO, MAS CULPA, POR NÃO FAZER NADA PRA AJUDAR O CARENTE. ENTÃO O TEMPO PASSA E NADA FAÇO. DERREPENTE ENCONTRO OUTRO INDIGENTE E COMEÇA TUDO NOVAMENTE.... VERGONHA
Oi mano. Boa tarde! Estive por aqui. Interessante. Visite-me. Abraços.
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