14 de set. de 2009
Uma cientista que curou seu próprio cérebro
Minha amiga Mariana me deu uma dica extraordinária: apresentou-me Jill Bolte Taylor, uma cientista dedicada ao estudo do cérebro que, por ironia do destino, sofreu um derrame e teve o lado esquerdo do cérebro danificado, o que lhe permitiu vivenciar com clareza a diferença entre os dois hemisférios cerebrais, sob a predominância do direito. Oito anos após o acidente, ela conseguiu recuperar-se, hoje plenamente, e escreveu um livro contando sua experiência e suas conclusões, My Stroke of Insight. Curioso, corri para a internet para saber mais a respeito da cientista e de sua obra. Assisti entrevistas suas e li trechos do livro disponíveis no Google. Fiquei fascinado. Conta ela que, sem a presença dominante do hemisfério esquerdo, onde reside a função da linguagem e a percepção do eu, do indivíduo separado do todo, ela conheceu o que denominou nirvana, uma paz profunda, e se reconheceu energia pura, fluida, em plena conexão com o cosmos. A partir daí, constatou a necessidade de se balancear a força dos dois lados do cérebro e procurou identificar os meios para tanto, de modo a que as pessoas possam se valer mais das funções desse orgão fantástico, não só em benefício próprio mas de toda a humanidade. É a energia positiva, amigo, afetando não só o que está por perto. Como, em regra, o hemisfério esquerdo está no comando, ela percebeu que é preciso estimular o uso do direito, o que se faz por meio da atenção para com o presente. Esta parte do cérebro lida com o presente, enquanto a outra com o passado e o futuro. Pelo direito se conhece a paz e a compaixão. Isto me traz à mente Budismo e meditação! Jill Taylor fala em nirvana, não é?! E meditação nada mais é do que atenção plena no agora! É excitante ver essa aproximação cada vez maior entre ciência e Budismo. Já mencionei Sam Harris falando a propósito. Eu sempre simpatizei com o Budismo, não com o dos rituais que o identificam como religião cheia de deuses, a exemplo das outras repletas de mitos, mas com o da filosofia, não deísta, da impermanência, da vacuidade, da gota que, ao encontrar-se com o oceano, nele se dilui e passa a ser igualmente oceano. Em relação à questão de que todas as emoções são dores, tenho minhas ressalvas, motivo pelo qual não posso dizer que seja um budista. Acredito que há emoções maravilhosas, de alegria e felicidade, e espero que elas não sejam ilusões. Admiro o Budismo como psicologia do autoconhecimento, vindo-me à memória a obra de Georges da Silva e Rita Homenko, mas nunca coloquei em prática as suas lições. Acho que é hora de começar a meditar, efetivamente. Em vez de teorizar sobre o cérebro, devo observar os seus movimentos, e ficar plenamente atento ao agora, aos pensamentos, às sensações e percepções. Ainda assim, o livro de Jill Bolte Taylor é o próximo da lista. Mariana, obrigado pela dica.
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Um comentário:
O mais legal é que ela é uma cientista, o que torna a narração interessantíssima. Nos capítulos iniciais ela prepara o pano de fundo técnico e científico para que, a partir do capítulo 14, a gente possa se convencer da veracidade da experiência vivida por ela. Inédito. Outro fato interessante é que diferente de nós, até passar pelo derrame, ela desconhecia a filosofia budista. Ou seja: primeiro veio a vivência, depois o conhecimento e a liberdade plena. Abraços. Fico feliz que tenha gostado da sugestão. Mariana
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