7 de nov. de 2009
Sobre viver e morrer
Segunda-feira passada foi dia de finados. Não foi um dia diferente para mim, a não ser pelo fato de ter sido feriado. Não fui ao cemitério nem fiz orações lembrando dos entes queridos que já se foram, porque não acredito que qualquer um deles fosse se importar. Do pó viemos e ao pó retornaremos. Vejo a morte com naturalidade, porque inevitável contraponto à vida. Não é insensibiliade. Claro que ela me entristece no momento em que ela mostra a sua face sombria e leva alguém ligado a mim. Muitos dos meus já se foram. Pai, irmã, avós, tios, primos e amigos... No mês passado faleceram, vitimados pelo câncer, um primo e grande amigo e uma tia. Lembrarei deles com carinho, como dos demais, mas sem sofrer. Desconheço o significado do luto. O que me causa dor maior, indignação mesmo, é a forma da morte e, em alguns casos, o tempo da morte. A morte provocada pela barbárie humana, a exemplo da causada por terroristas, por genocidas, por maus motoristas, por assaltantes, pela displicência ou pela arbitrariedade das autoridades públicas... A partida dos filhos antes dos pais choca-me por contrariar a relação natural entre a idade e o desgaste da vida. De qualquer modo, esbarrar com morte tem o seu lado positivo: faz pensar na vida. Melhor do que isso, ela me faz querer viver bem e longamente. Isto me leva a refletir o que é viver bem e como diminuir os riscos de uma morte prematura. "Viver bem" e "morte prematura" são expressões muito subjetivas: para alguns vale viver intensamente o agora apesar dos riscos de morte; para outros importa viver longa e prosperamente, sem riscos, suavemente. Eu desejo viver enquanto o prazer for dominante. E quero que ele domine por muito tempo. Para tanto, pretendo me valer de todos os meios que o conhecimento me fornece para proteger a minha saúde física e mental. Para tanto quero aproveitar tudo o que está ao meu alcance e não sofrer com o que está além das minhas forças. Assim, como é alta a incidência de câncer na minha família, estou buscando fazer o que está dentro do meu âmbito de ação para me proteger, fortalecendo o meu sistema imunológico: alimentação mais mediterrânea possível, com bastante vinho; stress em nível budista, mantendo-me positivo apesar dos pesares; atividade física compatível com as exigências do coração e do pulmão e treinamento mental, embora na parte da educação física ainda esteja tentando vencer minha vontade de permancer na cama ou na poltrona... Enfim, quero cuidar da vida, porque em relação à morte não há o que fazer, a não ser ter consciência da sua inevitabilidade.
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Um comentário:
Você não vai voltar a ser vegetariano não, né?!
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