Segundo ato
Ano após ano, década após década, 1961...1981...2001...
Assombraram-me irrespondíveis indagações shakespearianas
Sufocaram-me a garganta as vestes mundanas
Dominou-me a culpa de ser apenas mais um
Ator medíocre conduzido por um arrogante ícone
Movimentei-me pelos palcos do absurdo da condição humana
Imerso em cenários minimalistas como uma sala despojada
Ou densos como pórticos de uma catedral gótica flamejante
Atuei sob luzes suaves como as das estrelas na noite campestre
Cantei e dancei sob luminosos berrantes da megalópole insone
Na arte de ser muitos e de não ser nada eu fui mestre
Cavaleiro, combati moinhos para conquistar a amada
Mercador, cobrei um pedaço do coração para emprestar glória
Andarilho, percorri o paraíso, o purgatório e o inferno com Dante
Personagem, procurei desamparado o Autor da História
No segundo ato, eu grito: basta!
De palcos que eu não escolhi
De cenários que eu não montei
De personagens que eu não criei
De histórias que eu não escrevi
c cardoso
19 de jan. de 2010
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