Muro foi feito para unir os namorados,
Mureta de encosto para a paixão sem medos.
Aonde, alheio ao olhar de pessoas estranhas,
O casal se apossa e curte o infinito espaço.
E gruda frente e verso, ou seio com peito.
Laça, entrelaça, amassa, suave o aconchego do abraço.
Por segundos, olhos nos olhos, embevecidos desde as entranhas.
Depois, um mira distante, imaginando o jeito
De adiar o momento de dar o último beijo.
Aquele que só se dá a contragosto,
Porque chegada a hora de ir para o lado oposto.
Muro foi feito para desafiar os grafiteiros,
Mural de vanguardas formas para os viciados na viagem.
Aonde, alheio à censura dos críticos,
O artista meio desvela ocultos semblantes em riscos,
E desenha, pincela e colore apressado,
com a apreensão de quem caminha à margem.
Por segundos, teme ser pela autoridade algemado.
Depois, imagina o sonho, a galeria de arte,
O de não ter que correr atrás de dinheiro e ficar à parte.
Aquele momento – vislumbra - da entrevista no Jô, na Marília Gabriela,
Porque é chegada a hora de traduzir em palavras o que se vê na tela.
Muro foi feito para separar inimigos,
Muralha destinada a afastar a ameaça do horror.
Aonde, alerta contra homens-bombas e balas perdidas,
O indivíduo (des)armado resiste e reage ao torpor,
E trabalha duro, pela família, pela pátria, a sua senda.
Às vezes relaxa e goza, amiúde reza por perdão.
Por segundos, pensa que tudo (ou nada) é em vão.
Depois, segue em frente e cuida das feridas
Trazidas pela discórdia e pela ganância.
Aquele que teme ousa olhar o outro lado pela fenda
Porque é chegada a hora de conquistar paz e abundância.
c cardoso
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário