3 de jun. de 2009

F Pessoa


Pessoa(i)s

A Fernando Pessoa

Olá, Pessoa!
Aí, além das correntes assombrosas e temperamentais
Do oceano turvo que desemboca no Tejo,
Sentado à mesa do A Brasileira,
Não sei se navegando longe com os olhos do Infante
Ou mergulhando dentro com a visão do Iniciado.
Cosmonauta do íntimo do íntimo, me diz:
Que gosto ardente tem a Águia Real?
Conta sobre suas viagens alçadas com asas etílicas.
Posso eu compartilhar dessa mesa seleta?
Álvaro.
Ricardo.
Salve, Alberto! E os outros...
A vida é menos que nada,
Mas vale pelo que se vislumbra sob o véu transparente,
Cobrindo os alvos corpos das dançarinas esculturais
Que bailam ao som da flauta dos faunos.
Quisera eu ser um fingidor, Fernando,
Declamar verdades com o ritmo dos sonhos,
Pacificar os muitos eus
Que vagueiam em minhas visceras
Como fantasmas pintados por Chagall,
Curar os muitos meus
Que sobrevivem aos arames farpados do mundo
Como mortos-vivos descritos pelos jornais.
Segreda-me:
O que é verdade, o que é mentira?
Como embelezar a dor, como inventar a alegria?
Segreda-me, antes que as cadeiras sejam colocadas sob as mesas,
Antes que eu retorne e seja carcomido pelos vermes dos Trópicos.

c cardoso

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