7 de jul. de 2009

FLIP Gaiman e Dawkins


No ano passado, tentei ir ao Festival Literário de Paraty para conhecer de perto Neil Gaiman, não consegui. Este ano, nem tentei, mas gostaria de ter ouvido de viva voz Richard Dawkins. Gaiman produz o que há de melhor em ficção, Dawkins acerca da realidade, ambos com paixão, sem o que nada de grandioso se faz. Gaiman é um artista que cria deuses e demônios, anjos celestiais e anjos caídos, vampiros e vampiras, seres que povoam nossos sonhos e nossos pesadelos. É um ficcionista extremamente hábil, que se vale com perspicácia dos mitos elaborados por nossa cultura para contar histórias fascinantes. Já Dawkins é um cientista, icnoclasta, polemista de mão cheia. Sua obra é voltada para enobrecer a razão e destruir mitos, especialmente um: o deus das religiões monoteístas. Ele defende e esclarece Darwin e a teoria da evolução como ninguém, nos mostrando o que efetivamente somos ( nada a ver com reencarnações quânticas). Suas ideias fascinam igualmente e convertem. Não há contradição em admirar um e outro, um e outro atuam em campos diferentes, ambos igualmente relevantes. O primeiro com o lúdico, o outro, com o real. O lúdico torna o real suportável, mais leve; o real revela a verdade necessária, sem a qual vive-se alienado, zanzando sem rumo nos corredores do hospício. Tanto Gaiman quanto Dawkins exalam arte. O essencial é saber distinguir a ficção do real e o papel de uma e de outro, e se deliciar com os dois.

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