8 de jan. de 2010

2010

2010 já começou, embora em compasso pré-carnavalesco. De um lado, a propaganda oficial fazendo proselitismo, do início do dia até o reinício do dia, de um otimismo nacionalista capaz de causar inveja a Goebbles; de outro, os jornais matutinos, vespertinos e 24 horas no ar divulgando tragédias naturais e horrores humanos de desanimar até o Cândido de Voltaire. Eu, como sempre, e mais este ano, busco o caminho do meio, nem euforia nem depressão, embora não deixe de sofrer oscilações entre a alegria e a tristeza, o que é sinal de saúde, de que não sou controlado pela pílula que impõe o equilíbrio alienante. Tento agir de modo próximo ao que conduz o "amor fati" de Nietzsche, isto é, esforço-me para aceitar aquilo que não posso modificar. Sem ser conformista, contudo. Na verdade, sou um incorrigível idealista: na juventude, queria revolucionar o mundo; hoje, de um homem de sucesso transformar-me em um de significado e colaborar, ao menos com o exemplo e em relação aos mais próximos, para uma mudança em pról da vida, de uma vida livre, porque sem liberdade não há criatividade; criativa, porque sem criatividade não há progresso; progressista, porque sem progresso não há prosperidade; próspera, porque sem prosperidade não há justiça; justa, porque sem justiça não há dignidade; digna, porque sem dignidade não há beleza; bela, porque sem beleza não há felicidade... Por pensar assim, admiro muito a filosofia de vida contida na Oração da Serenidade, oração que deveria ser recitada diariamente mesmo pelos que não acreditam em Deus:

"Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras." Reinhold Niebuhr


Que o ano novo nos traga serenidade, coragem e sabedoria!

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