15 de fev. de 2009

Vez por outra, revolta-me o Brasil. Sinto uma raiva expressa com palavras de menosprezo, como se este não fosse o meu país. Fico indignado por presenciar ou ter notícia de constante desrespeito ao próximo por parte de conterrâneos de todas as idades, de todos os sexos, de todas as raças, de todas as classes sociais, de todos os graus de instrução. Fura-se a fila; joga-se lixo no chão, perto de uma lixeira; ultrapassa-se o sinal vermelho; estaciona-se ao lado de uma placa de proibido estacionar; vende-se e compra-se produtos pirata; frauda-se a previdência; adultera-se remédios; apresenta-se atestado médico falso; finge-se trabalhar enquanto se joga paciência; desvia-se merenda escolar; integra-se à bolsa-família sem apresentar os requisitos necessários ou sem efetuar a contrapartida devida; superfatura-se obras públicas; compra-se políticos, juízes e outros servidores públicos... a lista parece interminável (vide jornais). Eventualmente noticia-se com alarde conduta honesta que quase choca: alguém encontrou na rua uma dinheirama e devolveu para o dono!!! Ou a solidariedade, por meio de doações, a vítimas de catástrofes ( o diabo é que mesmo em momentos de infortúnio, há sempre um esperto querendo levar vantagem).
O mais trágico é a violência no pais: o numero de mortes violentas causadas pela inconseqüência e pelo desprezo à vida supera, em muito, o de guerras grandes ou seculares.
Surge o sentimento de impotência, e a reação seguinte é a da alienação, a de valorizar as coisas estrangeiras, do primeiro mundo, com admiração desmedida, como se lá também não existissem mazelas. Dá vontade de pegar o primeiro avião e mudar para um pais anglo-saxão, ou para a Europa.
Estou consciente que fugir não resolve nada. Sei também que, abrir mão de minhas raízes, aprofundadas por séculos de história neste solo, significa entregar covardemente, ao bandido, toda a riqueza imaterial conquistada pelo labor duro dos meus antepassados. Seria desonrá-los. Seria igualmente negar esse bem de valor inestimável aos meus descendentes, obrigando-lhes a vivenciar a dor de começar do nada, sem vínculos, estrangeiros desamparados e tratados com desdém.
O que fazer, então, em defesa das gerações futuras? Como legar-lhes um país melhor, do qual sintamos orgulho?
Talvez o primeiro passo seja pregar, a partir do exemplo, o respeito mutuo, demonstrando que, sem a observância dessa regra de conduta elementar, o convívio social vai se degradando até o inviável e a sobrevivência passa a ser condicionada não pelo uso da razão mas pela prevalência dos instintos primitivos, numa luta selvagem envolvendo predador e presa. É necessário também divulgar os valores supremos elaborados pela evolução do pensamento, a começar pela dignidade da pessoa humana. É fundamental, ainda adquirir e espalhar conhecimento, com ênfase a tudo o que se refere ao Brasil e ao povo brasileiro, a fim de identificar não apenas as nossas limitações, visando superá-las, mas especialmente nossas qualidades – que não são poucas, pois, do contrário, não seriamos uma das maiores economias emergentes do planeta - de modo a utilizá-las em prol do desenvolvimento da nação e da Humanidade. Educar-se e educar, em suma, na crença e na esperança de que a maioria de nós brasileiros é digna e deseja mudar este estado de corrupção, só não sabe com clareza como.

2 comentários:

Blueberry disse...

Não dá uma impressão de que as coisas só pioram?? Uma desilusão... Uma vontade de fugir...

Pod papo - Pod música disse...

A corrupção do Brasil, a impunidade, realmente faz muitas pessoas perderem as esperanças. Mas eu penso como você, abandonar a pátria e ir embora para outra país seria uma covardia, temos que fazer tudo o que podemos para entregar um país bom às gerações futuras, temos que ser bons exemplos e ensinar boas lições de honestidade e solidariedade às nossas crianças.

Beijos