7 de mar. de 2009

Não queira mudar a Igreja Católica - abandone-a

Surpreender-se com a atitude do arcebispo de Recife quanto ao aborto revela, no mínimo, ignorância. No caso das manifestações dos membros do governo Lula, hipocrisia. O religioso agiu estritamente de acordo com os ensinamentos e as regras da Igreja Católica, foi coerente, o que não é o caso dos que o atacam, mas vão à missa em busca de popularidade e voto. A Igreja Católica, com se sabe, é intransigente no que se refere à sua visão de que a vida começa com a concepção e que só Deus tem o direito de tirá-la, não importando as circunstâncias que levaram à geração desta vida. Dom José Cardoso Sobrinho nada mais fez do que seguir os mandamentos de sua Igreja. A Igreja está errada! Os médicos e todos que os apoiaram estão certos em defender a vida da menina vítima da bestialidade. Porém, igualmente estão errados os que se pretendem católicos e não seguem o Catolicismo. Sejamos também coerentes. O que se deve fazer é, ou ser efetivamente católico e seguir fielmente os dogmas da Igreja, ou virar as costas para ela rejeitando a doutrina católica. Não há meio termo. Que importa ser excomungado, essa sanção medieval, se você não faz parte dessa Igreja, se você não acredita no que ela prega? Não tem a menor relevância. Felizmente, graças as luzes, hoje ninguém é condenado à fogueira por isso. O verdadeiro debate deveria ser outro: por que um grande número de nós ainda crê, ainda que segundo as conveniências temporais, nos mitos que nos são ensinados pelas diversas igrejas? Por que, em vez de desperdiçarmos o nosso tempo focados em livros sagrados e regras dissonantes da realidade, não nos dedicamos mais aos livros produzidos pela razão? Se a nossa atenção se voltasse mais para as coisas da ciência do que para as da religião, certamente não daríamos a menor importância às tolices do arcebispo e à sua sentença de excomunhão. Sem dúvida estaríamos mais focados no progresso da Humanidade. Já Umberto Eco dizia que não adianta querer mudar a Igreja Católica, ou você a aceita como ela é ou abandone-a (sem se converter a outra religião cristã ou não, é claro, pois todas elas se sustentam em mitos e não admitem a dúvida como método de conhecimento). Eu, depois de procurar conhecê-la melhor, e não simplesmente frequentar missas, decidi abandoná-la e aderir à razão.

Um comentário:

Tânia N. disse...

Querido,
Isto aqui está um luxo, hein?Babei!