5 de fev. de 2011

Encontro com a arte sacra

Há pouco menos de um ano, deixei o cerrado do Planalto Central para vir peregrinar nas terras paulistas, de onde fui levado pequeno, sem, contudo, esquecer os meus laços. Poderia dizer que retornei em busca das minhas raízes, e, em parte, é verdade. Em São Paulo, sinto-me no meu habitat, embora, muitas vezes, fique espantado com o tamanho da selva que é esta cidade e inseguro diante das esquisitices que atravessam o meu caminho. Porém, não é fincar raízes o que desejo. Eu sou um nômade. O que procuro é andar pelas milhares de trilhas de chão ou de asfalto, em meio a árvores ou edifícios, usufruindo desta fonte inesgotável de conhecimento, irradiante em cada canto. E me pego admirando todo e qualquer desenho arquitetônico incrustado nas vias e todo e qualquer traço físico em movimento. Tudo é novo e oferece-me o prazer da desvenda. A arte de viver e de produzir vida está espalhada, cintilando com o sol e com as estrelas. Nesta peregrinação, conheci hoje o Museu de Arte Sacra de São Paulo, no Mosteiro da Luz fundado por Frei Galvão. Lá há belíssimas obras dos séculos XVII e XVIII, que a gente acha que só encontra em Minas Gerais. Peças religiosas como ostensórios e crucifixos, imagens de Jesus, de santos e de Maria, cuja beleza faz com que a fé em Deus e no homem seja resgatada, se a perdeu, ou potencializada às alturas, se a mantém firme ou vacilante. Eu, que vivo o meu momento de filho pródigo que volta à casa do Pai, terminei a visita extasiado, louco por um encontro com Deus, em Cristo, pela oração e pela leitura da Palavra, pela música, pelas artes plásticas... Lamentei, também, ao sair, a equivocada visão protestante em relação às imagens, porque eles perdem muito em não ter contato com esta maravilhosa arte, sob o argumento de que se trata de idolatria. Não se está idolatrando imagens não! Está-se apreciando o produto da permissão dada por Deus ao gênio humano para que seja revelado o Criador invisível aos olhos dos crentes e dos descrentes e para que eles sejam estimulados a seguirem, com fé, Jesus Cristo, como os santos retratados o fizeram. Não resisti, ansioso por conhecer mais acerca da arte cristã, e adquiri um livro muito interessante denominado "A Arte no Cristianismo" de Cláudio Pastro, rico em informações, reflexões e ilustrações, e outro sobre Arte Brasileira Colonial, Barroco e Rococó, de Percival Tirapeli, arte que sempre me fascina e me faz, periodicamente, rever Ouro Preto, São João del Rei e Tiradentes.

Um comentário:

Um brasileiro disse...

Oi mano. Volto,então, a bloguear. Legal. Abraços.