2 de out. de 2008

Olhos e bocas

Olhos redondos de espanto
Miram-me vermelhos e úmidos de dor
Por que? Diga-me o por quê
Eu que te amava tanto
Boca cerrada de ódio
Olhos desviando, olhos de horror
Azuis, verdes, castanhos, negros
Condenam-me a ser carrasco
Bocas mostrando os dentes, a língua
Boquiabertos, apontando-me o indicador
Você a empurrou do penhasco
Queda livre em direção do nada
Por que? Diga-nos o por quê
Ela que só pedia para ser amada
Um pouco, e ficou à míngua
A ver navio, vítima do delírio de um sonhador
Um louco, deseja ser livre, atacam-me em coro
Eu não fiz por mal, por falta de decoro
Foi a vida que me impôs a escolha: ou ela ou eu!
Bocas e olhos encaram-me perplexos
Sim, ou morria ela ou morria eu
Dizem os meus olhos, a minha boca
A voz firme embora rouca
De tanto dizer tudo passa só a morte não passa.

c cardoso

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